Tudo começou em 1980 quando terminei minha residência médica e entrei para o Hospital Federal dos Servidores do Estado (HFSE - Hospital Público do Ministério da Saúde) e lá fiquei por 40 anos, até me aposentar em 2020.
Na década de 80 recebíamos muitos pacientes, em estado grave, por terem infetado silicone industrial ou óleo mineral nas mais diversas regiões do corpo. Muitos morriam mas os que sobreviviam caiam em nossas mãos para fazer, quando possível a retirada destes materiais dos glúteos, mamas, tórax, bíceps, etc. Quando o produto injetado era o óleo mineral pouco podíamos fazer mas com o silicone, aos poucos, nesses 40 anos, fomos desenvolvendo técnicas específicas para cada região do corpo.
Aqui neste site estou descrevendo as características mais comuns dos produtos mais encontrados e suas principais complicações.
Cada produto é bastante específico assim como suas complicações e até as técnicas de retirada são diferentes.
No sexo feminino temos encontrado diversos materiais exógenos injetados principalmente na região glútea, coxas, panturrilhas e mamas.
Destes os mais comuns são:
É o produto mais comumente encontrado. É normalmente injetado no tecido subcutâneo, acima da aponeurose (fora dos músculos), o que torna sua retirada possível. Dependendo do tempo de colocação e de ter provocado reações inflamatórias locais que causam fibroses às vezes pode ser retirado por aspiração, sem cortes. Na região glútea, mesmo que se consiga aspirar uma parte, sempre há necessidade de se abrir, na parte superior dos glúteos, para fazer o esvaziamento por visão direta. Nas coxas normalmente conseguimos retirar tudo por aspiração, porém nas panturrilhas a retirada só é possível por incisão e visão direta. Já nas mamas fazemos uma mastectomia subcutânea e, sempre que possível, reconstruímos usando um implante de silicone.
É um produto colocado normalmente no subcutâneo logo acima da aponeurose dos músculos, sem compromete-los. Sua retirada é possível, mas necessita, na região glútea do corte na porção superior e na coxa sobre a área do produto pois por ser pétreo ele não sai por aspiração.
Produto idealizado na época da "cortina de ferro", antes da queda do muro de Berlim, pelos países que não tinham acesso ao silicone. Foi por muitos anos utilizado como Expansor "temporário" de tecidos para correção de grandes feridas e ulceras. Tem sido injetado, da mesma maneira que o silicone industrial, por pessoas inescrupulosas como se fosse um preenchedor permanente de tecidos. Sua principal característica é o fato de não se espalhar pelo subcutâneo, onde normalmente é injetado, sendo de fácil diagnóstico através da ressonância magnética. Sua retirada é feita com a mesma técnica utilizada para o silicone industrial e o PMMA.
Produto químico composto de óleo mineral que injetado diretamente nos músculos causa inchaço espontâneo por inflamar o local, por isso é utilizado para aumentar e modelar a musculatura de fisiculturistas. Sua retirada é quase impossível vez que há necessidade de se abrir a musculatura, o que causa grande sangramento de difícil controle.
Anabolizante veterinário usado para aumentar massa dos bovinos. É injetado dentro da musculatura o que torna quase impossível sua retirada pelo grande sangramento causado pelos vasos sanguíneos aumentados pelo uso do anabolizante.
Produto bastante encontrado também normalmente injetado no subcutâneo não costuma comprometer a musculatura, entretanto por suas características físicas se adere à pele de tal forma que torna sua remoção impossível sem a remoção da pele aderida junto, o que inviabiliza a cirurgia na grande maioria dos casos.
A identificação prévia destes produtos é fundamental para o planejamento cirúrgico de sua remoção. Essa identificação é feita 50% pelo exame clínico, feito por cirurgião experiente, e 50% pelo estudo das imagens da ressonância magnética, que é o ÚNICO EXAME capaz de identificar esses produtos e sua localização exata.
No sexo masculino também temos encontrado diversos materiais exógenos injetados principalmente na região dos músculos peitorais, deltoides e bíceps..
Destes os mais comuns são:
É o produto mais comum colocado normalmente no subcutâneo logo acima da aponeurose dos músculos, sem compromete-los. Sua retirada é possível, mas necessita de cortes na pele sobre a área do produto pois por ser pétreo ele não sai por aspiração.
Também bastante comum é normalmente injetado no tecido subcutâneo, acima da aponeurose (fora dos músculos), o que torna sua retirada possível. Dependendo do tempo de colocação e de ter provocado reações inflamatórias locais que causam fibroses às vezes pode ser retirado por aspiração, sem cortes.
produto idealizado na época da "cortina de ferro", antes da queda do muro de Berlim, pelos países que não tinham acesso ao silicone. Foi por muitos anos utilizado como Expansor "temporário" de tecidos para correção de grandes feridas e ulceras. Tem sido injetado, da mesma maneira que o silicone industrial, por pessoas inescrupulosas como se fosse um preenchedor permanente de tecidos. Sua principal característica é o fato de não se espalhar pelo subcutâneo, onde normalmente é injetado, sendo de fácil diagnóstico através da ressonância magnética. Pouco usado por homens já que estes preferem, normalmente, produtos para aumentar os "musculos".
Produto químico composto de óleo mineral que injetado diretamente nos músculos causa inchaço espontâneo por inflamar o local, por isso é utilizado para aumentar e modelar a musculatura de fisiculturistas. Sua retirada é quase impossível vez que há necessidade de se abrir a musculatura, o que causa grande sangramento de difícil controle.
Anabolizante veterinário usado para aumentar massa dos bovinos. É injetado dentro da musculatura o que torna quase impossível sua retirada pelo grande sangramento causado pelos vasos sanguíneos aumentados pelo uso do anabolizante.
Produto bastante encontrado também normalmente injetado no subcutâneo não costuma comprometer a musculatura, entretanto por suas características físicas se adere à pele de tal forma que torna sua remoção impossível sem a remoção da pele aderida junto, o que inviabiliza a cirurgia na grande maioria dos casos.
A identificação prévia destes produtos é fundamental para o planejamento cirúrgico de sua remoção. Essa identificação é feita 50% pelo exame clínico, feito por cirurgião experiente, e 50% pelo estudo das imagens da ressonância magnética, que é o ÚNICO EXAME capaz de identificar esses produtos e sua localização exata.
Na face o material exógeno encontrado em mais de 90% dos pacientes é o PMMA (Polimetilmetacrilato)
É um produto colocado, normalmente, bem profundo junto aos ossos da face com o objetivo de aumentar ou modificar o contorno (harmonização facial). Fazemos sua retirada rotineiramente utilizando dois tipos de incisão: pre-auricular como a da plástica de face e intra-oral. Podemos utilizar apenas uma delas mas, na maioria dos casos, precisamos utilizar as duas. A retirada deste produto da face normalmente deixa sequelas tipo depressão local que podem ser corrigidas por lipoenxertias 6 meses após o procedimento de retirada.
Diferentemente de outras regiões do corpo na face este produto é encontrado raramente, com exceção apenas dos lábios onde é o mais comum. Sua retirada da face segue a mesma técnica da retirada do PMMA utilizando-se as mesmas duas incisões. Nos lábios sua remoção é feita por visão direta com incisões na parte interna dos lábios. Da mesma forma que o PMMA sua retirada tanto da face como dos lábios deixa sequelas que podem ser corrigidas através de lipoenxertias 6 meses após o procedimento de retirada.
Diferentemente de outras regiões do corpo identificação prévia destes produtos não é tão importante quanto o exame clínico pois independente do produto a técnica de retirada na face é sempre a mesma.
Todos os materiais exógenos injetados nas mais diversas regiões do corpo envolvem riscos de causar problemas de saúde de maior ou menor gravidade.
A seguir listo as complicações mais comuns que temos encontrado com esses produtos.
O maior risco deste produto está em sua aplicação sem as mínimas condições de higiene e por pessoas inescrupulosas e sem nenhum treinamento médico. Muitos são os casos de septicemia (infecção generalizada) inclusive levando à morte. As complicações mais comuns deste produto são causadas por sua migração no organismo, que pode iniciar logo após sua aplicação ou anos depois, causando compressão dos nervos com o aparecimento de manchas por falta de vascularização que culminam com feridas necróticas. O produto costuma descer ate os tornozelos e pés causando deformidades nestas regiões que dificultam o uso de calçados e o caminhar. Além desses problemas locais ainda se espalha pelos gânglios linfáticos atingindo o rim e o fígado podendo causar insuficiência renal e hepática. Dependendo da viscosidade do produto utilizado essas complicações podem levar anos para aparecer ou apenas meses.
É basicamente acrílico em sua composição e por este motivo ´bastante utilizado em odontologia para restauração dentária. Com o tempo o produto fica pétreo causando desconforto e dor além de deformidades locais. Dependendo do local de aplicação estes efeitos podem ser mais ou menos graves. A nível sistêmico pode causar reação auto-imune importante desencadeada por uma simples gripe, infecção dentária ou COVID. Essa reação causa grande inchação local com vermelhidão e dor de difícil tratamento. Isto pode ocorrer mesmo após 30 anos de sua aplicação.
Suas maiores complicações são deformidades locais que ocorrem, normalmente, após alguns anos de sua aplicação. Como são produtos de difícil remoção essas complicações se tornam permanentes, na maioria dos casos.
Sua grande complicação é pelo fato de se aderir à pele impedindo a movimentação até das articulações e, com isso, causando deformidades e até mesmo deficiências que impedem a vida ativa e os movimentos de seu portador.
Uma vez identificada a presença de um destes produtos deve-se proceder à sua retirada no mais breve tempo possível, com isto evitando o agravamento das sequelas e o aparecimento de novas complicações. Mesmo assim não há garantias de reverter nenhuma das sequelas causadas por estes produtos mas apenas evitar o aparecimento de outras.
Diversas recomendações de centenas de cirurgias, nenhuma complicação.
Mais de 40 anos de experiência realizando procedimentos de retirada de matérial exógeno sem complicações.
Excelente acompanhamento pós operatório, sempre acompanhando todas as etapas da sua cirurgia com uma equipe preparada.